Recentemente, o Banco Central começou a marcar algumas chaves Pix de cidadãos comuns como fraudulentas, o que causou dúvidas.
O Pix é um sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central do Brasil, que permite transferências de dinheiro em tempo real, todos os dias da semana, inclusive feriados. Lançado em 2020, ele rapidamente conquistou usuários por sua praticidade, agilidade e ausência de tarifas.
Ao cadastrar uma chave Pix, como CPF, número de celular, e-mail ou chave aleatória, o usuário pode realizar transações sem precisar informar todos os dados bancários. Além disso, o Pix também é utilizado para pagamentos de serviços, compras e até tributos, o que amplia sua importância no cotidiano.
Com o crescimento do uso da ferramenta, surgiram novas funcionalidades e, ao mesmo tempo, cresceu também o interesse de criminosos, que passaram a explorar o sistema para aplicar golpes, levando o Banco Central a adotar novas medidas de segurança e transparência.

Neste artigo, você confere:
BC está marcando chaves Pix como fraudulentas
O Banco Central começou a implementar um mecanismo de marcação de chaves Pix suspeitas de envolvimento com fraudes. As instituições financeiras, ao identificarem comportamentos irregulares ou movimentações típicas de crimes financeiros, classificam essas chaves com selos internos de alerta.
Esse processo não é visível ao público no momento em que ocorre, mas serve como base para medidas preventivas contra golpes, bloqueios de valores e ações de fiscalização. Em 2023, o sistema registrou mais de 1,2 milhão de marcações de chaves, demonstrando a relevância da iniciativa.
Essas marcações foram divididas em diferentes categorias, com destaque para três principais classificações. Cerca de 38% das chaves foram rotuladas como “scammer account”, ou seja, contas utilizadas diretamente pelos fraudadores.
Outros 27% foram identificados como “contas-laranja”, quando os titulares cedem ou têm suas contas utilizadas por terceiros para intermediar valores de origem ilícita. Já os 35% restantes correspondem a outros tipos de fraudes, incluindo atividades suspeitas não relacionadas a um único padrão.
A partir de 2025, os usuários terão acesso a essas marcações por meio do sistema Registrato, plataforma do Banco Central que concentra informações financeiras dos cidadãos. No entanto, o relatório informará apenas que a chave foi marcada e qual instituição fez a marcação, sem detalhar o motivo específico.
Para obter essa informação, o cidadão deverá procurar diretamente a instituição responsável. Essa mudança aumenta a transparência do processo e permite que o titular da chave tome providências diante de possíveis danos ou equívocos.
Saiba mais: Luz e água grátis para 60 milhões? Governo prepara medida inédita – ProCred 360
Qual o objetivo dessa ferramenta?
A marcação de chaves Pix tem como principal objetivo proteger o sistema financeiro contra práticas fraudulentas. Ao permitir que as instituições sinalizem comportamentos suspeitos e compartilhem essas informações com o Banco Central, a ferramenta promove uma cooperação mais eficiente.
Essa iniciativa facilita a identificação de padrões criminosos, melhora a rastreabilidade de recursos e impede que golpistas continuem utilizando as mesmas chaves para novos crimes. Assim, ela fortalece os mecanismos de defesa existentes e atua como um instrumento de prevenção mais ágil e integrado.
Outro objetivo fundamental é oferecer mais segurança e autonomia para o cidadão, que até então não tinha acesso direto às marcações feitas sobre suas chaves Pix. A transparência prometida pelo BC, ao incluir essas informações no Registrato, amplia o controle do usuário sobre seus próprios dados.
Mesmo que o relatório não detalhe o motivo da marcação, ele funciona como um alerta para que o titular investigue a situação e tome medidas corretivas. Essa estratégia contribui para reduzir o impacto de fraudes e aumenta a capacidade de resposta da vítima em casos de uso indevido de suas informações.
Além disso, o Banco Central pretende ampliar o alcance do Registrato, integrando novos serviços voltados à proteção e à gestão da identidade financeira do cidadão. Uma dessas inovações é a possibilidade de o usuário proibir a abertura de contas em seu nome, o que ajudará a evitar fraudes.
A iniciativa responde à crescente preocupação com o roubo de identidades, especialmente em tempos de alta digitalização e vazamentos de dados. Com isso, o BC reforça o papel do sistema financeiro como parceiro da população no combate ao crime digital.
Veja mais: STF aprova mudança que pode revolucionar contratação de servidores públicos – ProCred 360
O que fazer se minhas chaves Pix forem marcadas como fraude?
Caso uma chave Pix vinculada ao seu CPF apareça marcada como suspeita no sistema Registrato, o primeiro passo é buscar a instituição financeira que realizou a marcação. No relatório emitido pelo sistema, o cidadão poderá ver qual banco ou fintech identificou a irregularidade e tomar providências.
A recomendação é entrar em contato pelos canais oficiais, solicitar explicações sobre a marcação e, se necessário, abrir um procedimento de contestação com base em documentos e movimentações anteriores. Esse processo pode esclarecer a situação e, quando for o caso, corrigir eventuais falhas.
Se a marcação estiver ligada a uma fraude de que você foi vítima, como abertura indevida de conta ou uso não autorizado da chave, registre imediatamente um boletim de ocorrência e reúna provas que sustentem sua alegação.
Com esses documentos, comunique à instituição financeira envolvida e solicite a regularização da situação. Também é possível registrar reclamação no Banco Central, por meio da plataforma oficial, para garantir que o caso receba o acompanhamento necessário.
Além disso, manter o monitoramento regular do Registrato pode ajudar a prevenir novos problemas. Com a expansão da plataforma para incluir outros serviços, como informações sobre consórcios e autorizações no Open Finance, o cidadão poderá controlar com mais precisão o uso de sua identidade.
Isso inclui restringir operações, acompanhar autorizações concedidas e bloquear tentativas não reconhecidas. Assim, conhecer e utilizar as ferramentas de segurança do Banco Central se torna uma atitude essencial para proteger seus dados e sua reputação financeira.
Veja outros: Mulheres são o grupo com mais crédito negado no Brasil: veja como contornar a situação – ProCred 360