Finanças

BRICS Pay é nova aposta global para unir países do bloco; veja como vai funcionar

O BRICS Pay deve funcionar da mesma forma que o Pix, mas atendendo outros países que compõem o bloco econômico.

O BRICS é um bloco econômico que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de novos membros como Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Ele foi criado com a missão de fortalecer a cooperação entre países emergentes.

O grupo ganhou destaque ao representar mais de 40% da população mundial e cerca de um quarto do PIB global. Ao longo dos anos, o BRICS construiu agendas conjuntas em temas como infraestrutura, energia, inovação tecnológica e comércio internacional.

Nesse cenário, cresce a busca por maior autonomia diante do sistema financeiro dominado pelo dólar. Assim, iniciativas que reforçam a independência econômica do bloco passam a ocupar o centro das discussões entre seus líderes, abrindo caminho para novos instrumentos financeiros.

Com a chegada do BRICS Pay, os países devem passar a depender menos do dólar.
Com a chegada do BRICS Pay, os países devem passar a depender menos do dólar. / Foto: Joédson Alves / Agência Brasil

Países do BRICS querem lançar próprio Pix

Durante a cúpula de 2025, os líderes do bloco anunciaram que acelerariam a criação de um sistema batizado de BRICS Pay, muitas vezes descrito como um “Pix internacional”. A proposta surgiu da necessidade de tornar o comércio mais eficiente entre os países-membros.

Isso porque as operações atuais exigem conversão em dólar ou euro, encarecendo transações. Ao criar um mecanismo próprio, o BRICS pretende oferecer aos exportadores e importadores uma forma de negociar diretamente em moedas locais, sem depender de intermediários externos.

A expectativa é que os primeiros testes comecem em breve, liderados principalmente por China e Rússia, que já possuem plataformas semelhantes em funcionamento. O BRICS Pay nasce de uma conjuntura marcada pela expansão do bloco, que passou a incluir o Irã e o Emirados Árabes Unidos.

Com a entrada desses países, a relevância comercial do grupo aumentou e a necessidade de um sistema financeiro integrado se tornou ainda mais evidente. Afinal, o comércio anual dentro do BRICS ultrapassa centenas de bilhões de dólares, valor que pode crescer mais com a eliminação de barreiras cambiais.

Os defensores do projeto destacam que o BRICS Pay traz benefícios diretos para diferentes setores. No caso do Brasil, por exemplo, áreas como agronegócio, mineração e energia poderão reduzir custos ao vender diretamente para China, Índia ou outros parceiros do bloco.

Sem a necessidade de converter valores em dólar, os exportadores receberão pagamentos de forma mais rápida e com menores perdas cambiais. Portanto, a criação desse “Pix internacional” surge não apenas como um projeto político, mas também como uma ferramenta prática de competitividade global.

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Como o BRICS Pay vai funcionar na prática?

O BRICS Pay foi concebido como um sistema de mensagens e liquidação descentralizado, semelhante a modelos já existentes, como o CIPS, da China, e o SPFS, da Rússia. A ideia central é fornecer uma infraestrutura segura para que bancos, governos e empresas realizem transferências internacionais.

Com isso, será possível usar moedas locais, como real, yuan, rúpia, rublo ou rand. Além disso, o projeto prevê integração com plataformas bancárias nacionais, garantindo que os usuários possam acessar o sistema sem grandes adaptações.

Ao contrário do que muitos imaginam, o BRICS Pay não busca criar uma moeda única, mas sim facilitar o uso das que já existem. O objetivo imediato é apenas facilitar o uso das moedas já existentes em operações de comércio e investimento.

Essa escolha reduz a complexidade do projeto e aumenta as chances de adesão, já que evita disputas políticas sobre qual moeda poderia substituir o dólar. Dessa forma, o sistema aparece como uma alternativa pragmática, que privilegia a eficiência sem comprometer a soberania monetária de cada país.

No entanto, o funcionamento do BRICS Pay exige superar desafios significativos. A infraestrutura tecnológica precisa garantir segurança contra ataques cibernéticos e compatibilidade entre sistemas bancários muito diferentes.

Além disso, a volatilidade cambial dos países emergentes representa um risco para contratos de longo prazo. Outro ponto crucial é a adesão das empresas privadas, que só confiarão no novo sistema após resultados concretos.

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Objetivo do BRICS Pay é reduzir dependência do dólar

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o dólar se consolidou como a moeda dominante no comércio internacional, concentrando mais de 80% das transações globais. Essa posição garante aos EUA poder econômico e geopolítico, além da capacidade de impor sanções financeiras a países adversários.

Para o BRICS, essa dependência representa vulnerabilidade constante, pois em situações de tensão geopolítica o acesso ao sistema financeiro pode ser limitado. O BRICS Pay, portanto, surge como instrumento estratégico para diminuir esse risco e ampliar a autonomia do bloco.

A redução da dependência do dólar também promete ganhos econômicos diretos. Sempre que exportadores precisam converter suas moedas em dólar, pagam taxas adicionais que reduzem sua margem de lucro.

Ao usar moedas locais, esses custos desaparecem, tornando os produtos mais competitivos no mercado internacional. Assim, o BRICS Pay fortalece não apenas os governos, mas também as empresas privadas que atuam no comércio exterior.

No caso brasileiro, por exemplo, a exportação de soja, petróleo e minério pode ganhar ainda mais espaço entre parceiros estratégicos. Por fim, os especialistas ressaltam que o BRICS Pay vai muito além de um simples mecanismo de pagamentos.

Ele representa uma tentativa concreta de reequilibrar as relações financeiras globais, oferecendo aos países emergentes mais protagonismo nas decisões econômicas. Se implementado com sucesso até 2030, o sistema poderá movimentar centenas de bilhões de dólares sem passar pela moeda americana.

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Nicole Ribeiro

Graduanda em Jornalismo na pela Universidade do Estado de Minas Gerais, formada em Letras - Português também pela UEMG. Redatora freelancer e revisora de artigos e textos acadêmicos. Apaixonada por gatos e pelo conhecimento.

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