Câmara estabelece urgência para decidir se entregadores terão vale-refeição
A Câmara dos Deputados aprovou recentemente a votação para decidir o vale-refeição para entregadores em caráter urgente.
O debate sobre condições dignas de trabalho ganha cada vez mais relevância no Brasil, especialmente diante do crescimento acelerado da economia digital. Nesse cenário, o vale-refeição aparece como um benefício essencial para trabalhadores que enfrentam longas jornadas.
O acesso regular à alimentação não deve ser visto apenas como um detalhe, mas sim como um direito diretamente ligado à saúde, ao rendimento e à dignidade do trabalhador. Trata-se de um benefício fundamental, mas que ainda está em falta para certas classes.
Além disso, a discussão sobre o vale-refeição para categorias como os entregadores de aplicativos ganha destaque por revelar desigualdades, já que muitas vezes esses profissionais ficam sem acesso a refeições durante a rotina intensa. Esse debate, portanto, se conecta diretamente à luta por justiça social.

Neste artigo, você confere:
Câmara aprova votação para conceder vale-refeição aos entregadores
A Câmara dos Deputados deu um passo decisivo ao aprovar, por 300 votos favoráveis e 99 contrários, a urgência para apreciação do Projeto de Lei 1.579/2025. Esse projeto assegura o direito ao vale-refeição para entregadores de aplicativos, estabelecendo R$ 20 a cada quatro horas ininterruptas de trabalho.
A medida foi apresentada pelas deputadas Talíria Petrone e Juliana Cardoso, que destacaram a necessidade de proteger trabalhadores submetidos a condições exaustivas. Com a aprovação da urgência, a proposta avança diretamente para o plenário, sem passar pelas comissões.
Esse movimento ganha força ao mesmo tempo em que estudos comprovam a vulnerabilidade dos entregadores. A pesquisa “Entregas da Fome”, publicada pela ONG Ação da Cidadania em agosto de 2024, revelou que 3 em cada 10 profissionais da categoria vivem em situação de insegurança alimentar.
Além disso, a maioria dos trabalhadores atua em jornadas diárias superiores a nove horas, muitas vezes sem descanso adequado. Esses dados reforçam a urgência da medida, já que o vale-refeição se apresenta como instrumento essencial de proteção social.
Os parlamentares favoráveis destacam ainda que a medida representa uma resposta concreta à exploração do trabalho mediado por aplicativos. Enquanto as plataformas acumulam lucros expressivos, os entregadores convivem com privações básicas, como o acesso à alimentação.
Dessa forma, a votação na Câmara marca não apenas um avanço jurídico, mas também um reconhecimento do valor social do trabalho exercido por esses profissionais que sustentam parte importante da economia urbana.
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Como funciona o projeto do vale-refeição?
O Projeto de Lei 1.579/2025 define de forma clara como o vale-refeição será concedido aos entregadores. O benefício deve ser oferecido por meio eletrônico, com crédito direto na plataforma digital vinculada ao trabalhador, garantindo uso exclusivo para aquisição de alimentos.
Além disso, o texto veda a possibilidade de conversão em dinheiro ou desconto no pagamento pelas entregas realizadas. Essa estrutura busca assegurar que o objetivo principal seja cumprido: garantir acesso efetivo à alimentação durante o expediente.
Outro ponto importante do projeto é a regra de elegibilidade. Apenas os entregadores cadastrados há pelo menos um mês no aplicativo terão direito ao benefício. Essa exigência foi pensada para evitar distorções e assegurar que o auxílio seja direcionado a quem realmente depende da atividade.
Estima-se que, na prática, a maioria dos entregadores receba algo em torno de R$ 40 por dia em vale-refeição, considerando a média de horas trabalhadas. O relator, deputado Daniel Almeida, enfatizou que a proposta se alinha ao artigo 6º da Constituição Federal de 1988.
Ela garante a alimentação como direito social fundamental. Ele reforçou que, ao regulamentar esse benefício, o Estado cumpre seu dever de promover segurança alimentar e dignidade para os trabalhadores.
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O que falta para a tramitação?
Apesar do avanço com a aprovação da urgência, o projeto ainda depende de votação no plenário para se transformar em lei. Esse será o momento decisivo em que os parlamentares deverão confirmar ou rejeitar a concessão do vale-refeição aos entregadores de aplicativos.
Caso aprovado, o texto segue para análise no Senado Federal, onde também precisará ser validado antes da sanção presidencial. Portanto, embora o processo tenha ganhado velocidade, ainda existem etapas fundamentais a cumprir.
Nesse contexto, os debates parlamentares prometem ser intensos, já que o projeto envolve interesses distintos. De um lado, estão os defensores dos direitos trabalhistas, que argumentam pela necessidade de proteger os entregadores.
De outro, posicionam-se representantes das empresas de aplicativos, que alegam custos adicionais e possíveis impactos na dinâmica do setor. Esse embate reflete o desafio de equilibrar o valor social do trabalho com os modelos de negócio sustentados pela economia digital.
O desfecho da tramitação terá impacto direto sobre milhares de trabalhadores que dependem das entregas como fonte principal de renda. A aprovação final representará um marco na regulamentação de direitos no ambiente digital.
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