Recentemente, um esquema fraudulento envolvendo aposentados e empréstimos consignados tem gerado alvoroço nas redes sociais e nos tribunais. Gravações de conversas telefônicas revelaram como um correspondente do banco BMG enganava aposentados ao convencê-los a confirmar seus dados pessoais.
O que parecia ser uma simples atualização de cadastro ou estorno de juros se transformava, na verdade, em uma montagem de gravações, nas quais os aposentados afirmavam aceitar empréstimos ou filiações a associações desconhecidas.
Mas como esse golpe funcionava e o que ele revelou sobre a fragilidade dos processos bancários e das empresas terceirizadas?
A denúncia veio à tona em uma reportagem do Metrópoles, que teve acesso a áudios exclusivos, onde os atendentes de uma empresa chamada Balcão das Oportunidades, parceira do BMG, induziam os aposentados a fornecer informações bancárias e pessoais.
Ao longo da conversa, os atendentes afirmavam que o aposentado teria um valor a receber, mas ao final da chamada, o que realmente acontecia era a confirmação de contratos fraudulentos.
Em muitos casos, o dinheiro que os aposentados acreditavam estar recebendo como “estorno” era, na verdade, um empréstimo consignado no qual eles jamais haviam concordado.
Entenda agora como os golpes funcionam, quem são os responsáveis e como as vítimas podem se proteger.

Como funcionava o golpe nos empréstimos consignados
Os audios obtidos pelo Metrópoles mostram uma técnica sofisticada de engano, onde o atendente da Balcão das Oportunidades convenciam os aposentados a confirmar dados pessoais, como números de documentos e informações bancárias, tudo sob o pretexto de um estorno de valores pagos a mais no passado.
Mas o que parecia ser uma simples formalidade se revelava um golpe bem orquestrado, com gravações que eram depois editadas para criar a ilusão de que os aposentados haviam aceitado empréstimos ou filiação a entidades de maneira fraudulenta.
Um dos áudios mais impactantes envolve a história de Maria do Carmo Gonçalves Lara, uma aposentada de 77 anos, que recebeu a ligação de um atendente dizendo que ela tinha um valor a receber do banco.
Durante a conversa, o atendente forneceu informações sobre contas e dados bancários, o que parecia ser um procedimento normal.
No entanto, após a conversa, Maria do Carmo começou a ser cobrada por um valor que nunca autorizou, relacionado a um empréstimo consignado do BMG, mas que ela jamais contratou.
Embora a aposentada tenha ficado desconfiada durante a ligação, o golpe foi eficaz em coletar dados pessoais, o que é uma das táticas mais perigosas dessa fraude.
E o mais alarmante: Maria não foi a única vítima. Ao menos outros quatro aposentados também tiveram suas informações utilizadas para firmar contratos fraudulentos.
BMG se posiciona: Suspensão e investigação do caso
Após o vazamento das gravações, o BMG suspendeu imediatamente o contrato com a Balcão das Oportunidades, o correspondente bancário que estava envolvido nas fraudes.
Em uma nota oficial, o banco afirmou repudiar veementemente a prática mostrada nos áudios e que a conduta dos envolvidos não reflete os processos adotados pela instituição.
Para garantir a segurança de seus clientes, o banco também detalhou mudanças em seus procedimentos de verificação de identidade, incluindo o uso de biometria, prova de vida e geolocalização.
O BMG informou que, além da suspensão do contrato, sua Ouvidoria entraria em contato diretamente com a cliente Maria do Carmo Gonçalves Lara para tratar o caso de forma individualizada.
Para a instituição, a transparência nas operações e a proteção dos seus clientes são fundamentais, e a situação está sendo tratada com a máxima seriedade.
O impacto na vida dos aposentados e as consequências do golpe
A prática de fraudar aposentados, especialmente por meio de empréstimos consignados, é uma violação grave. Muitos aposentados não têm a mesma familiaridade com os mecanismos digitais e bancários, o que os torna alvos fáceis para golpes dessa natureza.
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Além disso, a mudança no comportamento das instituições financeiras, que cada vez mais contratam terceiros para atuar como correspondentes bancários, não ajuda a minimizar o risco de fraudes.
A falta de supervisão rigorosa e a terceirização dos serviços permitem que atitudes como as demonstradas nos áudios passem despercebidas até que as vítimas percebam que foram enganadas.
Mas o impacto dessas fraudes vai além das finanças pessoais. O golpe pode gerar um prejuízo psicológico considerável para aqueles que já enfrentam a aposentadoria com dificuldades financeiras.
A ideia de que estão sendo enganados e, consequentemente, assumindo dívidas desnecessárias, pode gerar um grande trauma emocional, principalmente para os mais velhos.
Com os avanços tecnológicos, é essencial que os bancos e as empresas de crédito implementem métodos de verificação mais seguros e que os aposentados sejam mais educados sobre seus direitos e as armadilhas existentes no mercado financeiro.
O que fazer se você for vítima de um golpe como esse?
Se você, ou alguém próximo, se viu envolvido em um golpe como o que descrevemos aqui, a primeira atitude é procurar a instituição financeira imediatamente para contestar o contrato ou a cobrança indevida.
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Denunciar o caso à polícia também é fundamental, principalmente para evitar que outros aposentados se tornem vítimas do mesmo esquema.
Além disso, a justiça pode ser um caminho para resolver o impasse financeiro, pois em muitos casos os golpistas são responsabilizados e os contratos fraudulentos anulados.
Fique atento a sinais de fraude, como ligações inesperadas de instituições bancárias ou promessas de valores a receber, especialmente quando o assunto envolve confirmação de dados pessoais. A transparência e a verificação em duas etapas são essenciais para evitar surpresas desagradáveis.
A fraude nos empréstimos consignados do BMG, que afeta aposentados de todo o Brasil, é um exemplo claro de como a vulnerabilidade financeira de alguns pode ser explorada de maneira cruel.
Fique alerta e sempre duvide de promessas de “dinheiro fácil”, especialmente quando envolvem a entrega de dados pessoais. A prevenção é sempre o melhor caminho para evitar ser vítima de crimes financeiros dessa natureza.