Finanças

Mudança na poupança pode impactar em aumento dos juros do crédito imobiliário

O governo atualmente estuda uma nova forma de alavancar o crédito imobiliário no Brasil, o que pode aumentar os juros.

O crédito imobiliário representa a principal ferramenta utilizada por famílias que desejam adquirir a casa própria e por investidores que buscam oportunidades no setor habitacional. Ele funciona, basicamente, como um financiamento oferecido pelos bancos para viabilizar a compra de imóveis.

No geral, ele permite que o consumidor pague o valor ao longo de prazos longos e com taxas de juros definidas. No Brasil, essa modalidade é fundamental para o acesso à moradia, pois o custo elevado de um imóvel raramente pode ser quitado à vista.

Além disso, o crédito imobiliário movimenta a economia ao estimular a construção civil, gerar empregos e ampliar a renda de milhares de trabalhadores. Por isso, mudanças nesse modelo despertam grande atenção da sociedade e do mercado.

Saiba como o aumento do crédito imobiliário afeta no preço dos imóveis.
Saiba como o aumento do crédito imobiliário afeta o preço dos imóveis. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / procred360.com.br

Novo modelo de crédito imobiliário pode aumentar juros do setor

O governo estuda atualmente um novo modelo de crédito imobiliário que pretende liberar todos os recursos da poupança para o financiamento habitacional. Hoje, apenas 65% dos depósitos da caderneta são destinados ao setor, mas a proposta prevê que esse percentual chegue a 100%.

Essa medida busca ampliar os recursos disponíveis para quem deseja financiar imóveis, mas gera dúvidas sobre os possíveis impactos nas taxas de juros. A discussão envolve ainda a forma de contabilizar o direcionamento da poupança.

Em vez de considerar apenas o saldo, como acontece atualmente, o governo propõe avaliar as novas concessões de crédito. Isso significa que cada empréstimo liberado contaria para a meta por cinco anos. Após esse período, o banco teria de renovar a operação para manter o equilíbrio exigido.

Parte da equipe econômica teme que o novo sistema eleve os juros do setor. A preocupação surge porque o benefício aos bancos valeria por cinco anos, enquanto o prazo médio dos contratos de financiamento no Brasil é de oito anos.

Assim, haveria três anos sem contrapartida para as instituições, o que poderia resultar em encarecimento do crédito imobiliário. Ainda que haja defensores da medida, esse ponto emperra o avanço da proposta dentro do governo.

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Por que o crédito de habitação pode aumentar?

Os técnicos que analisam o projeto afirmam que o risco de elevação dos juros está relacionado ao descasamento entre os prazos de financiamento e os prazos de benefício oferecidos aos bancos. Esse desajuste pode pressionar as instituições a repassar custos adicionais para o mutuário.

Com o tempo, isso tornaria as prestações mais caras. Dessa forma, o objetivo de ampliar o crédito imobiliário pode se transformar em desafio para quem busca a casa própria. Por outro lado, há quem sustente que a liberação integral da poupança para o setor tende a baratear os financiamentos.

O argumento é que, com mais recursos disponíveis, a concorrência aumentaria e as instituições teriam condições de reduzir as taxas cobradas. Além disso, a proposta prevê direcionar os novos créditos para o Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

Esse sistema já conta com um limite de 12% ao ano de juros e atende imóveis de até R$ 1,5 milhão. Isso poderia limitar eventuais aumentos e garantir maior acesso ao financiamento. Outro ponto importante envolve as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs).

O governo discute permitir que os bancos usem recursos da poupança como lastro para emissões adicionais dessas letras, o que poderia gerar até R$ 400 bilhões em novos papéis. Essa medida criaria mais uma fonte de recursos para o crédito habitacional.

Na visão de alguns especialistas, teria potencial para reduzir taxas em vez de aumentá-las, mas tudo depende da implementação. No entanto, existem divergências sobre os impactos fiscais, já que as LCIs são isentas de Imposto de Renda.

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Quais os rumos do crédito imobiliário em breve?

A proposta ainda divide opiniões dentro do governo e do setor privado, e por isso não foi anunciada oficialmente. De um lado, há técnicos que acreditam que a ampliação do crédito imobiliário pode gerar renúncia fiscal de até R$ 9 bilhões ao ano, por causa da isenção de tributos nas LCIs.

Do outro, há especialistas que descartam essa possibilidade, argumentando que a emissão extra só ocorrerá se a mudança for realmente implementada. Nesse cenário, a expectativa é que o aumento de financiamentos compense eventuais perdas com arrecadação.

Independentemente das divergências, o consenso é que o projeto precisa beneficiar prioritariamente as famílias de baixa renda. Como o crédito imobiliário representa a porta de entrada para a casa própria, o governo pretende garantir que os novos recursos sejam direcionados ao SFH.

Dessa forma, mantém-se o teto de juros mais baixos e assegura-se que os financiamentos não fiquem restritos a uma parcela mais rica da população. Essa estratégia reflete a preocupação em conciliar expansão de crédito com justiça social.

O futuro do modelo dependerá de como o governo equilibrará interesses distintos. Se a proposta conseguir ampliar os recursos sem elevar os juros, haverá avanço significativo no acesso à moradia. Caso contrário, o risco é de que o crédito imobiliário se torne mais caro e menos acessível.

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Nicole Ribeiro

Graduanda em Jornalismo na pela Universidade do Estado de Minas Gerais, formada em Letras - Português também pela UEMG. Redatora freelancer e revisora de artigos e textos acadêmicos. Apaixonada por gatos e pelo conhecimento.

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