Finanças

Mudanças no abono salarial vão restringir o benefício para poucos trabalhadores

No próximo ano, o abono salarial deve passar por alterações que podem fazer com que alguns trabalhadores fiquem de fora

O abono salarial é um dos principais benefícios voltados ao trabalhador brasileiro, criado para complementar a renda de quem atua com carteira assinada e recebe remuneração média considerada baixa.

Ele funciona como uma forma de redistribuição de renda, ajudando milhões de pessoas a equilibrar o orçamento e impulsionar o consumo interno. Ao longo dos anos, o abono passou por diversas alterações que buscaram tornar sua concessão mais justa e alinhada à realidade econômica do país.

Em um cenário de inflação constante e mudanças nas regras de correção salarial, compreender como o abono salarial evolui e de que maneira essas modificações afetam o trabalhador torna-se essencial para quem depende desse benefício como parte do planejamento financeiro anual.

Quem vai receber o abono salarial em 2026 precisa se atentar às novas regras.
Quem vai receber o abono salarial em 2026 precisa se atentar às novas regras. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / procred360.com.br

O que muda no abono salarial em 2026?

A partir de 2026, o sistema de concessão do abono salarial passará por uma transformação significativa. O governo alinhará o critério de elegibilidade ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), substituindo o limite fixo de dois salários mínimos que vinha sendo utilizado.

Essa alteração visa ajustar o cálculo do benefício à inflação, mas também tende a restringir o número de trabalhadores contemplados. Com a atualização baseada apenas na variação do INPC, o alcance do abono se tornará menor, reduzindo a quantidade de pessoas que conseguirão atingir o teto.

Além disso, a nova metodologia trará um impacto direto na representatividade do benefício. Como o salário mínimo passará a seguir critérios de correção baseados no PIB e na inflação, a diferença entre ele e o limite do abono aumentará gradualmente.

Esse descolamento fará com que cada vez mais trabalhadores ultrapassem o teto estabelecido, perdendo o direito ao abono salarial. Especialistas alertam que essa mudança pode gerar um efeito de exclusão progressiva, especialmente entre profissionais que tiveram pequenos reajustes salariais.

Outro ponto importante é que, ao atrelar o benefício ao INPC, o governo busca garantir maior previsibilidade fiscal. No entanto, essa medida reduz a flexibilidade para acompanhar a variação real dos salários no mercado de trabalho.

Assim, embora a alteração traga estabilidade para as contas públicas, ela tende a diminuir o impacto social do abono salarial, tornando-o mais restrito e menos abrangente, principalmente para quem atua em faixas salariais intermediárias.

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Quais as regras atuais do abono salarial?

Mesmo com as mudanças previstas para 2026, alguns critérios fundamentais permanecem válidos. O trabalhador precisa estar inscrito no PIS ou Pasep há pelo menos cinco anos para ter direito ao benefício. Além disso, é necessário ter trabalhado por, no mínimo, 30 dias com carteira assinada no ano-base.

Outro critério essencial envolve a remuneração média. Atualmente, o trabalhador precisa ter recebido até dois salários mínimos mensais para ser elegível, mas esse valor passará a ser corrigido conforme o INPC a partir de 2026.

Essa mudança exige atenção redobrada, pois pequenos aumentos salariais poderão excluir alguns profissionais da faixa de acesso ao benefício. Além disso, os empregadores devem manter as informações trabalhistas atualizadas no sistema eSocial.

A consulta ao abono salarial também se tornou mais prática e acessível. Por meio da Carteira de Trabalho Digital e do portal Gov.br, é possível verificar todas as informações sobre o benefício sem necessidade de deslocamento.

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Benefício já tem data e valor em 2026?

Para o ano de 2026, o valor do abono salarial continuará limitado a até um salário mínimo vigente, sendo proporcional ao tempo trabalhado no ano-base. Ou seja, quem trabalhou os 12 meses receberá o valor integral, enquanto quem trabalhou menos tempo receberá de forma proporcional.

O calendário oficial de pagamentos deve ser divulgado em dezembro de 2025, permitindo que os trabalhadores se organizem financeiramente. A distribuição seguirá o mesmo formato dos anos anteriores.

A Caixa Econômica Federal continuará responsável pelos pagamentos do PIS, voltado aos empregados da iniciativa privada, e o Banco do Brasil permanecerá encarregado do Pasep, destinado aos servidores públicos. Essa divisão assegura maior eficiência e previsibilidade no repasse dos valores.

Mesmo com a reformulação das regras, o abono salarial continua sendo uma ferramenta relevante de estímulo econômico e social. Ele representa um reforço financeiro importante para trabalhadores de baixa renda, especialmente em momentos de aumento no custo de vida.

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Nicole Ribeiro

Graduanda em Jornalismo na pela Universidade do Estado de Minas Gerais, formada em Letras - Português também pela UEMG. Redatora freelancer e revisora de artigos e textos acadêmicos. Apaixonada por gatos e pelo conhecimento.

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