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Mulheres são o grupo com mais crédito negado no Brasil: veja como contornar a situação

Um estudo do Serasa evidenciou que as mulheres são frequentemente um alvo maior de negativas de liberação de crédito, que poderia ajudar nas finanças.

Conseguir crédito no Brasil ainda representa uma barreira significativa para grande parte da população, especialmente para as mulheres. Entre os motivos mais recorrentes para a recusa estão a informalidade no trabalho, a falta de comprovação de renda fixa e o histórico de inadimplência.

O sistema financeiro tradicional ainda se baseia em critérios rígidos que não refletem a realidade de milhões de brasileiras, mesmo aquelas que gerenciam o orçamento da casa com responsabilidade. No fim das contas, a liberação dos valores não ocorre.

Além disso, fatores como desigualdade de gênero e falta de reconhecimento da autonomia financeira das mulheres contribuem para um cenário de exclusão econômica. Por isso, compreender os dados e os impactos dessa negativa se torna essencial para discutir soluções eficazes.

As mulheres são os grupos mais afetados pela negativa de crédito no Brasil.
As mulheres são os grupos mais afetados pela negativa de crédito no Brasil. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / procred360.com.br

Mulheres são grupo que mais sofre com negativas de crédito

Um levantamento feito em 2025 pela Serasa, em parceria com a Opinion Box, revelou que 68% das mulheres brasileiras já tiveram um pedido de crédito negado. Esse número chama a atenção pela magnitude, mas também pela persistência do problema ao longo dos anos.

Mesmo diante de uma maior inserção das mulheres nas decisões financeiras da casa, a dificuldade de acessar recursos formais continua elevada. A pesquisa mostra que 81% das entrevistadas tentaram obter crédito no último ano, o que evidencia uma alta demanda por soluções financeiras acessíveis.

Contudo, essa procura muitas vezes esbarra em requisitos difíceis de cumprir, especialmente para quem atua na informalidade ou não possui vínculo empregatício fixo. Para 47% dessas mulheres, a dificuldade em conseguir crédito representa o maior desafio financeiro atual.

Essa limitação não afeta apenas o consumo, mas impacta diretamente a gestão do orçamento familiar e inviabiliza investimentos importantes, como reforma da casa, pagamento de estudos ou fortalecimento de pequenos negócios.

A negativa de crédito não se restringe à aquisição de bens, mas compromete o equilíbrio econômico de famílias inteiras. E isso ocorre mesmo com a participação ativa das mulheres nas finanças domésticas, já que 93% delas contribuem diretamente para as decisões econômicas do lar, conforme aponta o estudo.

Além disso, 80% das mulheres organizam com antecedência o pagamento das contas da casa, o que reforça o senso de responsabilidade financeira entre elas. Ainda assim, essa postura não tem sido suficiente para garantir uma análise positiva nas solicitações de crédito.

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Consequências da recusa de crédito são graves

A recusa em pedidos de crédito tem efeitos que vão muito além da simples frustração. Quando negadas, quase metade das mulheres entrevistadas, segundo dados de março de 2024 também levantados pela Serasa, desistem de continuar tentando.

Essa desistência muitas vezes significa abrir mão de resolver necessidades urgentes, como o pagamento de contas atrasadas, o reparo de um bem essencial ou até mesmo a continuidade de um empreendimento informal.

A dificuldade de comprovar renda é um dos principais obstáculos enfrentados, especialmente por aquelas que atuam em trabalhos informais ou por conta própria. A pesquisa mostra que 70% das mulheres já recorreram a atividades informais como alternativa para complementar o orçamento familiar.

Essa informalidade, apesar de comum, limita o acesso ao crédito formal, já que os bancos ainda priorizam perfis com comprovante de renda fixa. Esse cenário revela um sistema bancário desconectado da realidade de boa parte da população feminina, que exerce múltiplas funções.

Além disso, o uso de soluções informais gera um ciclo de endividamento difícil de romper. Quando a única opção disponível é um empréstimo com taxas abusivas ou o uso frequente do cartão de crédito rotativo, o risco de inadimplência cresce.

Isso afeta o score de crédito da consumidora, reduz ainda mais suas chances de acesso a novas linhas e prejudica sua reputação financeira no longo prazo. Dessa forma, a ausência de crédito justo e acessível amplia a vulnerabilidade financeira de milhares de mulheres, limitando sua autonomia.

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Mães solo e empreendedoras são os maiores alvos

Dentro do grupo feminino, as mães solo e as empreendedoras enfrentam desafios ainda mais intensos na obtenção de crédito. De acordo com os dados da mesma pesquisa, 74% das mulheres que são únicas provedoras do lar já tiveram crédito negado.

Esse percentual é superior à média nacional e revela como a condição de maternidade, quando somada à ausência de um parceiro contribuinte, pesa na análise de risco feita pelos bancos. Mesmo quando essas mulheres demonstram um alto grau de responsabilidade financeira, seu perfil ainda é visto como risco.

As empreendedoras também enfrentam grandes barreiras. Cerca de 68% delas já tiveram pedidos de crédito recusados, e para 35% essa dificuldade se tornou o principal obstáculo para manter ou expandir seus negócios. Muitas não encontram respaldo no sistema financeiro para impulsionar suas atividades.

Essa realidade compromete a sustentabilidade dos pequenos empreendimentos liderados por mulheres, que muitas vezes servem como principal fonte de sustento de famílias inteiras. Sem crédito acessível, essas profissionais permanecem à margem do crescimento econômico.

Outro dado relevante é que 87% das mulheres entrevistadas acreditam que a sociedade ainda subestima seu papel econômico. Essa percepção, segundo especialistas, pode refletir diretamente na forma como bancos e instituições analisam o perfil feminino durante as concessões de crédito.

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Nicole Ribeiro

Formada em Letras - Português pela Universidade do Estado de Minas Gerais, redatora freelancer e revisora de artigos e textos acadêmicos. Apaixonada por gatos e pelo conhecimento.

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