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Roubo de dados, mortes e mais: fraudes do INSS são mais preocupantes do que parecem

As fraudes do INSS não foram apenas responsáveis por um desfalque financeiro, mas afetaram outros segmentos que pioraram o cenário.

As fraudes do INSS tornaram-se um dos principais desafios enfrentados pela Previdência Social brasileira, atingindo diretamente milhões de aposentados, pensionistas e segurados. Com o avanço da tecnologia, a sofisticação dos golpes cresceu e, consequentemente, ampliou os prejuízos causados.

As ações criminosas não se limitam a pequenas práticas isoladas, mas formam redes organizadas com acesso a dados sensíveis, que exploram brechas legais e a vulnerabilidade de quem mais depende desses benefícios.

O cenário preocupa não só pelas perdas financeiras bilionárias, mas também pelos impactos sociais, pois compromete a credibilidade do sistema e expõe a fragilidade da segurança digital e institucional. Diante dessa realidade, torna-se urgente compreender as diferentes formas de atuação dessas fraudes.

As fraudes do INSS comportam mais golpes do que se imagina. Entenda.
As fraudes do INSS comportam mais golpes do que se imagina. Entenda. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / procred360.com.br

Fraudes do INSS são mais preocupantes do que parecem

As fraudes do INSS envolvem muito mais do que descontos indevidos ou saques irregulares. As investigações revelam esquemas complexos, que utilizam desde falsificações documentais até recursos avançados de inteligência artificial, resultando em prejuízos estimados em bilhões de reais.

Para entender a extensão desse problema, é essencial conhecer os principais tipos de fraudes identificados nos últimos anos, os quais atingem diretamente aposentados e pensionistas. A seguir, destacam-se os golpes mais recorrentes que sustentam essa teia de corrupção previdenciária.

Saque após o falecimento do beneficiário

Um dos crimes mais comuns envolve o uso indevido do benefício de segurados falecidos. Familiares ou terceiros utilizam cartões e senhas do aposentado para continuar sacando o valor mensal, mesmo após sua morte.

Embora o INSS deva cessar o pagamento imediatamente após o falecimento, em muitos casos, os golpistas ocultam o óbito por meses ou anos. Assim, ele continuam recebendo o pagamento do titular, como se ele ainda estivesse vivo.

Casos emblemáticos ocorreram no Brasil e no exterior, como o de um homem em Chicago que manteve o corpo da mãe em um freezer por dois anos, e o de uma sobrinha no Rio de Janeiro que levou o tio morto ao banco para obter um empréstimo.

Falsificação de laudos e perícias médicas

Outro golpe frequente diz respeito à apresentação de laudos falsos para obter benefícios por incapacidade. Grupos criminosos criam documentos fraudulentos que simulam doenças ou limitações físicas, muitas vezes com a colaboração de profissionais da saúde.

Essa fraude permite acesso indevido a auxílios como o BPC ou aposentadorias por invalidez. O uso de inteligência artificial tem potencializado esse tipo de crime, com adulterações de CRM, carimbos e assinaturas cada vez mais realistas.

Golpe da prova de vida falsa

O processo de prova de vida também se tornou alvo de criminosos, principalmente após a digitalização do procedimento. Golpistas se aproveitam da insegurança dos idosos ao receberem mensagens falsas por SMS ou WhatsApp, afirmando que o benefício será cortado caso não realizem a atualização cadastral.

Ao clicar nos links e enviar documentos, os segurados entregam suas informações pessoais aos fraudadores, que utilizam esses dados para abrir contas, contratar empréstimos ou praticar outros crimes. Em outro formato, estelionatários fazem ligações fingindo ser do INSS, exigindo documentos.

Descontos indevidos e associações de fachada

A chamada “fraude da mensalidade” ganhou destaque com a Operação Sem Desconto, que investiga a apropriação indevida de R$ 6 bilhões em benefícios por sindicatos e associações. Muitas dessas entidades inscrevem aposentados sem consentimento e passam a descontar valores diretamente da folha do INSS.

Há também fraudes mais elaboradas, com gravações adulteradas de supostas autorizações por voz do segurado, utilizadas como justificativa para os descontos. Em outros casos, aposentados foram enganados ao assinar documentos sem saber que autorizavam as cobranças mensais.

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Golpes virtuais e engenharia social agravam fraudes do INSS

Além das práticas tradicionais, o avanço da tecnologia digital facilitou a proliferação de golpes virtuais, potencializando os ataques contra aposentados e pensionistas. Com o uso de engenharia social e acesso ilegal a bancos de dados, quadrilhas conseguem informações detalhadas dos segurados.

A venda de listas com nomes, CPFs, números de benefício e outras informações já ocorre abertamente na internet, segmentada por região, faixa etária e renda. Com esses dados em mãos, criminosos criam contas bancárias falsas, contratam empréstimos e até acessam fundos como o FGTS.

Outro golpe muito praticado é o da portabilidade e refinanciamento falso de crédito consignado. Os estelionatários se apresentam como representantes de instituições financeiras e prometem condições vantajosas para reduzir parcelas ou liberar valores extras.

No entanto, o que realmente ocorre é a contratação de novos empréstimos em nome do aposentado, desviando parte do valor ou cobrando taxas inexistentes. Em muitos casos, o próprio beneficiário acredita que está quitando sua dívida, mas acaba comprometendo ainda mais sua renda.

A fraude do golpe da cesta básica segue a mesma linha de manipulação. O criminoso entrega uma cesta “gratuita” ao segurado e tira uma foto como se fosse um ato solidário. Com essa imagem e os dados capturados, ele abre contas digitais, realiza empréstimos e até utiliza o acesso para outras fraudes.

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Prejuízos sociais e urgência de fiscalização nas fraudes do INSS

Os impactos das fraudes do INSS vão muito além do rombo financeiro. Elas comprometem diretamente a sustentabilidade da Previdência Social, aumentam a desconfiança da população no sistema e reduzem recursos que deveriam ser destinados a quem realmente precisa.

Segundo especialistas, os casos analisados mostram que os golpes atingem não apenas os cofres públicos, mas a dignidade e o bem-estar dos cidadãos. A falta de estrutura para fiscalizar, aliada à complexidade das fraudes, dificulta o combate efetivo, o que exige maior investimento em segurança.

Casos históricos, como o da “Máfia da Previdência”, mostram que o problema é antigo e recorrente. Na década de 1990, o caso de Jorgina de Freitas resultou na criação de CPIs e em uma estimativa alarmante de que até 50% da arrecadação do INSS da época poderia ter sido comprometida por fraudes.

Hoje, os números seguem preocupantes, com estimativas de desvios bilionários ainda sem precisão exata. A falta de clareza nos valores recuperados torna o combate às fraudes ainda mais difícil e prolonga o sofrimento de quem tem seus benefícios retidos ou fraudados.

Diante dessa realidade, é indispensável fortalecer os mecanismos de controle, ampliar campanhas educativas para os segurados e modernizar os sistemas de detecção de fraudes. A atuação conjunta entre Receita Federal, INSS, Polícia Federal e Ministério Público precisa ser contínua, coordenada e eficaz.

A sociedade, por sua vez, deve adotar uma postura vigilante, denunciando irregularidades e buscando informações confiáveis. Somente com ações firmes e abrangentes será possível preservar a confiança na Previdência Social e proteger quem mais precisa desses recursos para sobreviver com dignidade.

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Nicole Ribeiro

Graduanda em Jornalismo na pela Universidade do Estado de Minas Gerais, formada em Letras - Português também pela UEMG. Redatora freelancer e revisora de artigos e textos acadêmicos. Apaixonada por gatos e pelo conhecimento.

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