O salário mínimo é decidido todos os anos, ainda em janeiro. Entretanto, é comum que haja algumas projeções com valores que se aproximem do correto.
O salário mínimo desempenha um papel central na estrutura econômica e social do Brasil, funcionando como um dos principais instrumentos de distribuição de renda e de garantia de condições mínimas de sobrevivência para milhões de trabalhadores e beneficiários da seguridade social.
Por estar atrelado a diversas políticas públicas, ele influencia diretamente o poder de compra da população de baixa renda, além de impactar a economia como um todo, já que afeta o consumo, a arrecadação tributária e as contas públicas.
Considerando essa relevância, qualquer mudança no valor do salário mínimo exige atenção e planejamento, pois envolve tanto os interesses dos trabalhadores quanto a responsabilidade fiscal do governo. Diante disso, é fundamental compreender como se dá a correção desse valor.

Neste artigo, você confere:
Como funciona a correção do salário mínimo atualmente?
Desde 2023, o governo retomou uma política de valorização do salário mínimo que considera dois fatores principais: a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado até novembro do ano anterior e o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.
Essa fórmula visa garantir, ao mesmo tempo, a reposição do poder de compra e um ganho real aos trabalhadores. Com isso, o reajuste não depende apenas de decisões políticas pontuais, mas também do desempenho da economia, o que cria um critério mais previsível e transparente.
Entretanto, mesmo com a fórmula estabelecida, o novo arcabouço fiscal define limites para o crescimento real do salário mínimo. De acordo com as novas diretrizes, esse crescimento deve permanecer entre 0,6% e 2,5% ao ano, independentemente de o PIB crescer mais do que isso.
Essa limitação visa evitar aumentos que possam comprometer o equilíbrio das contas públicas, especialmente em períodos de maior expansão econômica. Assim, o governo precisa seguir uma regra que equilibre o compromisso com os trabalhadores e a responsabilidade fiscal.
Além disso, o impacto do reajuste do salário mínimo vai além do setor privado, alcançando diretamente as despesas do governo. A elevação do valor mínimo afeta benefícios como aposentadorias, pensões e o seguro-desemprego, que são vinculados a esse piso salarial.
Cada real adicionado ao salário mínimo pode representar um aumento de aproximadamente R$ 400 milhões nos gastos públicos. Por esse motivo, qualquer mudança precisa ser calculada com cautela e ajustada ao cenário econômico nacional.
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Previsões do salário mínimo para os próximos anos
Com base no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO), o governo brasileiro propôs o aumento do salário mínimo para R$ 1.630 em 2026. Esse valor representa uma elevação de 7,37% em relação ao salário atual de R$ 1.518.
Basicamente, contempla um ganho real de 2,5%, considerando a inflação projetada de 4,76% para o período. Essa proposta segue a política de valorização implementada nos últimos anos e reafirma o compromisso do governo com o aumento progressivo do poder de compra da população trabalhadora.
Para os anos seguintes, o governo estabeleceu projeções que indicam uma tendência de crescimento contínuo. Em 2027, o salário mínimo deve chegar a R$ 1.724, subindo para R$ 1.823 em 2028 e alcançando R$ 1.925 em 2029.
Esses valores ainda são estimativas preliminares e podem sofrer ajustes ao longo do tempo, especialmente de acordo com as variações da inflação e do desempenho da economia. Ainda assim, essas projeções refletem uma política de valorização consistente.
Paralelamente às estimativas de crescimento do salário mínimo, o governo projeta um superávit primário de R$ 34,3 bilhões em 2026, equivalente a 0,25% do PIB. A meta é manter resultados positivos nos anos seguintes, buscando estabilizar a dívida pública e fortalecer a responsabilidade fiscal.
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O que pode mudar essas projeções?
Apesar das previsões oficiais, vários fatores podem alterar o valor final do salário mínimo nos próximos anos. Um dos elementos mais importantes é o índice oficial da inflação, calculado até novembro de cada ano, que é quando os valores se estabilizam.
Como a fórmula de reajuste depende diretamente do INPC, qualquer variação significativa nesse indicador pode influenciar o resultado final. Se a inflação for maior do que o previsto, o reajuste pode ser mais elevado; se for menor, o aumento será mais modesto.
Outro aspecto decisivo está relacionado ao desempenho do Produto Interno Bruto. Como a fórmula de correção considera o crescimento do PIB de dois anos antes, os resultados econômicos de 2024, por exemplo, influenciarão o salário mínimo de 2026.
Se a economia crescer mais do que o esperado, o ganho real poderá atingir o teto de 2,5%, desde que não ultrapasse os limites impostos pelo novo arcabouço fiscal. Portanto, o desempenho econômico se apresenta como um componente essencial na definição do valor final do salário mínimo.
Por fim, as decisões políticas também exercem influência sobre esse processo. O projeto de reajuste precisa passar pela Comissão Mista de Orçamento e ser aprovado pelo Congresso Nacional até julho. O valor final, no entanto, só será confirmado após a divulgação oficial da inflação de 2025.