Impostos

Taxa das blusinhas vai acabar? Governo avalia revogar tributo

A taxa das blusinhas foi um método encontrado pelo governo para estimular o consumo interno no Brasil, mas os efeitos não foram positivos

A chamada taxa das blusinhas tornou-se um dos assuntos mais comentados entre consumidores, empresários e autoridades brasileiras desde sua implantação em 2024. O tributo de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50 é equivalente a cerca de R$ 265.

Ele surgiu como parte do programa Remessa Conforme e afetou diretamente o comércio eletrônico entre o Brasil e plataformas estrangeiras. Desde então, o tema gerou debates acalorados sobre tributação, competitividade e o impacto no bolso dos brasileiros que compram produtos no exterior.

Nesse contexto, novas discussões políticas reacenderam o debate sobre uma possível revogação da taxa, levantando expectativas, dúvidas e controvérsias que envolvem tanto o governo federal quanto o Congresso Nacional.

Se você parou de comprar online após a taxa das blusinhas, a notícia pode ser boa.
Se você parou de comprar online após a taxa das blusinhas, a notícia pode ser boa. / Crédito: @jeanedeoliveirafotografia / procred360.com.br

Governo quer revogar taxa das blusinhas?

Nos últimos meses, o governo federal começou a discutir internamente a possibilidade de extinguir a taxa das blusinhas, que incide sobre compras internacionais de até US$ 50. Fontes próximas ao Palácio do Planalto afirmam que a ideia vem ganhando força entre lideranças políticas.

Ela permeia especialmente em meio ao avanço de projetos no Congresso que pedem o fim da cobrança. Essas iniciativas parlamentares ganharam destaque após o aumento das críticas de consumidores e da pressão de setores que consideram a medida um entrave para o comércio digital.

Além das discussões econômicas, o possível fim da taxa também desperta atenção por seu impacto político. Integrantes da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom-PR) defendem que a revogação do imposto poderia melhorar a imagem do governo.

Isso também pode impulsionar a popularidade do presidente Lula, especialmente com a proximidade das eleições de 2026. Para esses assessores, suspender a cobrança mostraria sensibilidade diante das demandas populares e reforçaria o compromisso com o poder de compra das famílias brasileiras.

Apesar das especulações, o governo ainda não anunciou uma decisão oficial sobre a medida. Mesmo assim, há a possibilidade de que o Executivo se antecipe e elimine a cobrança antes de qualquer votação no Congresso, evitando desgaste político.

Caso a revogação se concretize, ela atingiria somente o Imposto de Importação de 20%, sem interferir em outras tributações relacionadas às compras internacionais. Portanto, embora o debate avance, a incerteza ainda domina o cenário e mantém consumidores e empresas em expectativa sobre os próximos passos.

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E quanto aos demais impostos?

A revogação da taxa das blusinhas afetaria apenas o tributo federal de importação, deixando outros encargos inalterados. Dentro do programa Remessa Conforme, os estados continuam responsáveis pela cobrança do ICMS, cuja alíquota varia entre 17% e 20%.

Assim, mesmo com a possível retirada da taxa federal, os consumidores continuariam pagando esse imposto estadual sobre compras internacionais, o que reduz o impacto prático da mudança. Além disso, compras acima de US$ 50 permanecem sujeitas ao imposto de 60%.

Essa configuração mostra que o fim da taxa não significaria isenção total de impostos sobre produtos importados. Na prática, o consumidor continuaria arcando com parte dos custos, ainda que menores. Essa distinção é essencial para compreender o alcance real da medida.

Muitos acreditam que a revogação eliminaria toda a tributação. Portanto, o debate precisa considerar não apenas o aspecto simbólico da taxa, mas também a estrutura fiscal mais ampla que envolve o comércio internacional e as receitas públicas.

Por outro lado, o governo precisa equilibrar os efeitos fiscais da decisão. Embora o imposto sobre compras pequenas represente receita modesta, ele simboliza uma tentativa de uniformizar as regras de concorrência entre empresas nacionais e estrangeiras.

Caso a cobrança seja suspensa, o governo pode precisar compensar a perda de arrecadação de outra forma. Assim, o tema envolve não só o alívio imediato para o consumidor, mas também a busca por soluções sustentáveis que mantenham o equilíbrio econômico e fiscal do país.

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Impacto nas empresas brasileiras

O possível fim da taxa das blusinhas gera apreensão entre empresários dos setores têxtil e calçadista. O deputado federal Zé Neto (PT-BA) destacou que, com a implantação da taxa e do programa Remessa Conforme, grandes plataformas estabeleceram estruturas logísticas no Brasil.

Essa adaptação representou investimentos e mudanças operacionais significativas, o que torna improvável que essas empresas apoiem o fim do imposto. Elas já se beneficiam de uma base consolidada no país, mesmo com a redução do volume de importações após a criação da taxa.

Além disso, os representantes da Frente Parlamentar de Comércio e Serviços alertam que a revogação da cobrança pode prejudicar a competitividade das empresas nacionais. Segundo eles, o Brasil pode ganhar em popularidade política, mas perder em desenvolvimento industrial.

Com produtos estrangeiros mais baratos, o mercado interno pode sofrer com a desvantagem das marcas locais, que enfrentam custos de produção e tributação muito superiores. Essa disparidade compromete a geração de empregos e o fortalecimento da economia nacional, exigindo políticas compensatórias.

Por fim, o debate sobre a taxa das blusinhas transcende a simples questão fiscal e se insere em um contexto mais amplo de equilíbrio entre consumo, arrecadação e competitividade. O governo precisa avaliar cuidadosamente os impactos da decisão.

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Nicole Ribeiro

Graduanda em Jornalismo na pela Universidade do Estado de Minas Gerais, formada em Letras - Português também pela UEMG. Redatora freelancer e revisora de artigos e textos acadêmicos. Apaixonada por gatos e pelo conhecimento.

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